Golpe a vista?
Mobilização popular pode criar ambiente revolucionário na Colômbia para salvar Petróleo de golpe neoliberal antidemocrático sionista.
(*) César Fonseca
O imperialismo jurídico americano está novamente em ação na América do Sul para tentar desestabilizar o governo de esquerda, nos moldes da Operação Lava Jato, que levou Lula à prisão por 580 dias.
Dessa vez, a ordem de Washington é fazer com o presidente Petro, da Colômbia, o mesmo que foi feito, no Brasil, também, contra a ex-presidente Dilma Rousseff.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), introduzida no país, na Era FHC(1994-2002), pelo FMI, sob pressão do Consenso de Washington, a fim de controlar os gastos públicos, além do receituário ortodoxo, tem sido a arma conservadora neoliberal para derrubar institucionalmente governos que não cumprem o receituário neoliberal.
Dilma Rousseff vinha fazendo, em 2016, um governo incompatível com a austeridade monetária, conforme as ordens do império.
O governo Obama conspirou contra ela e usou o Congresso conservador brasileiro para cassá-la por violar a legislação, por meio do que apelidaram de pedaladas fiscais.
A direita sempre pedalou enquanto no poder, mas se a esquerda entrar numa de desobedecer, é enquadrada em crime de responsabilidade.
Dispondo de maioria conservadora no parlamento, a direita e a ultradireita, derrubaram Dilma, com as bênçãos da Casa Branca, para evitar que tocando política econômica desenvolvimentista ganhasse novas eleições para o PT e forças progressistas.
Depois do golpe neoliberal de 2016, novo golpe foi dado para anular o governo de Lula, vitorioso em 2022.
A arma contra ele tem sido o inconstitucional semipresidencialismo aliado do mercado financeiro.
Com ele, a direita e a ultradireita colocaram em xeque o presidencialismo constitucional por meio de ajuste fiscal neoliberal.
O resultado veio com a derrota da esquerda nas urnas e o triunfo da direita e ultradireita em 2024.
Petro, diante de semelhantes ameaças, por resistir ao neoliberalismo e romper com o sionismo israelense, ao denunciar o golpe contra seu governo, por meio de prática imperialista do lawfare, por meio de denúncias de fraude eleitoral, está no meio da batalha diante da qual tombou o governo Dilma.
Golpeada pelo impeachment sem crime de responsabilidade para caracterizá-lo, subiram ao poder os neoliberais Temer e Bolsonaro, para implementar neoliberalismo, objetivando desestabilização do Estado por meio de privatizações e parcerias público-privadas, tocadas por OS – Organizações Sociais – por trás das quais se movimentam poderosos grupos econômicos e financeiros predadores de recursos públicos estatais etc.
O desfecho da luta política que se intensificou na Colômbia, nessa semana, pode ou não despertar a resistência continental contra o neoliberalismo e o sionismo que o acompanha, nesse momento, para derrubar a democracia latino-americana mais uma vez?
SIONISMO EM LUTA ABERTA CONTRA PETROS
A direita colombiana, com apoio de Washington, quer derrubar a esquerda, sob comando de Petro, porque faz reformas que desagradam as forças políticas conservadoras, alinhadas aos interesses do capital americano e europeu.
A continuidade de Petro, que agita o país com proposta de reforma agrária, em nome do desenvolvimentismo capitalista, para aumentar o mercado interno consumidor na Colômbia, necessário à industrialização, levanta a burguesia agrária, aliada do crime organizado, forte no parlamento, por meio de partidos reacionários.
É nesse cenário que, dois anos depois da vitória eleitoral de Petros, a burguesia e o mercado financeiro se unem aos aliados políticos opositores do presidente, para abrir processo de impeachment contra ele.
Petros virou ameaça às elites conservadores, hoje, aliadas do sionismo contra o qual o presidente investiu em críticas pelo genocídio dos sionistas israelenses na Faixa de Gaza e, agora, no Líbano.
Trata-se do primeiro presidente latino-americano a romper com o sionismo, que comanda, atualmente, o destino político guerreiro dos Estados Unidos e de Israel.
A cabeça de Petros está a prêmio depois que a Colômbia rompeu com Israel, comandado pelo genocida Benjamin Netanyahu, amplamente apoiado por Joe Biden, na Casa Branca.
A principal acusação contra Petros é a de que teria recebido dinheiro de associação dos trabalhadores durante sua eleição. Ele rebate que não foi dinheiro para abastecer campanha eleitoral dele, mas para o partido que o apoia, ou seja, tudo dentro do jogo eleitoral latino-americano do qual lança mão o status conservador com o beneplácito do sistema judiciário.
Como a maioria parlamentar é anti-Petro, o perigo de sua cassação ganhou dramaticidade.
MOBILIZAÇÃO POPULAR À VISTA
A reação do presidente foi denunciar o golpe contra ele e convocar os trabalhadores para defendê-lo.
A agitação política na Colômbia, portanto, pode ganhar impulso revolucionário, se a sociedade atender o chamado presidencial à mobilização para defender o processo democrático, violado, segundo o presidente, pelos golpistas encravados na direita conservadora, potencial aliada do extremismo fascista.
O rompimento da institucionalidade é a derrota da esquerda, que Petros representa, conduzindo a governabilidade popular, e a volta da direita de modo a conduzir a política econômica neoliberal que atenda o interesse combinado da burguesia e seu principal aliado, o mercado financeiro.
Brasil, Venezuela, México, Cuba, Nicarágua, Honduras, mobilizados por meio da Alba chavista, alternativa à OEA, inconfiável às esquerdas, saíram em defesa do presidente colombiano.
O fator decisivo será a mobilização popular.
É isso que Washington não quer que aconteça.
A mobilização social revolucionária, para impedir mais uma tentativa de golpe, favorável aos interesses imperialistas, soa como cubanização da América Latina aos ouvidos da Casa Branca.
O contra-ataque de Petros aos golpistas, chamando imediatamente a população à mobilização, poderá ser fogo no paiol, para reverter tentativa conservadora golpista.
Reacenderá ou não, no continente, o nervo da revolta popular contra a exploração econômica neoliberal que o imperialismo intensifica, acirrando a luta de classe, por meio de ajustes fiscais ultraortodoxos, para impedir avanço da esquerda na consciência social?
(*) Cesar Fonseca é jornalista, analista de economia e política